Hoje é um daqueles dias, que a gente pensa que é o último e que amanhã vai estar tudo normal, como sempre foi. Mas o que é normal pra você? Muita gente tá vivendo o comum achando que é normal. Normal é ser feliz, é acordar com um sorriso no rosto, leve, aguardando o momento em que o aroma delicioso e quente do café atinge todo o meu ser.
Normal é mudar, mas não é fácil. Quem diria que eu chegaria aqui caçando a intensidade que deixei guardada no bolso daquela jaqueta jeans rasgada, e que é dela que eu preciso pra me mover dessa jangada que está a deriva.
Sentada em meio a esse mar frio, cinzento e sem ondas, fico pensando onde é que minha bussola perdeu o norte.
A eminência da partida me deixa ansiosa. Porque com certeza não decidi em que direção nadar.
O mar tá calmo mas aqui dentro tem um furacão acontecendo, parece que mergulhei tão fundo que meu cilindro esvaziou e não consigo subir até a superfície para recuperar o fôlego. Quando estou quase desistindo, ouço Virgílio me dizendo para respirar, porque eu estou na superfície, sinto um alívio momentâneo enquanto entendo sua presença naquele momento, me acalmo, mas ainda sem saber que rota traçar, peço ajuda. Virgílio me apoia, mas sempre frisa que o caminho é só meu, e somente eu poderei encontrar a rota. Ele se vai, eu continuo ali, imóvel, olhando para escuridão do mar abaixo de mim, pensando qual seria o propósito disso tudo.
Uma frase me vem em solavanco "admirar o belo". Não sei o que fazer com ela, mas guardarei por aqui, a minha vista por um tempo, até descobrir.
(Bárbara Mardakis)