segunda-feira, 13 de abril de 2009

MORRE LENTAMENTE


Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.


Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.


Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os “is” em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.


Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.


Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.


Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.


Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.


Morre lentamente, quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.


Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples fato de respirar.


Somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio esplêndido de felicidade.


(Pablo Neruda)

Um comentário:

  1. Mudo lentamente

    Eu morro lentamente quando não mais vejo tua mente;
    Eu mudo totalmente quando não escuto o jus que me coerente;
    Eu morro fatalmente quando sem juízo, fujo assim covardemente;
    Eu mudo rapidamente quando impotente àquilo que me agrada fortemente.

    Eu morro sordidamente quando me afasto de repente,
    Eu mudo fortemente quando você se apega demasiadamente;
    Eu morro indignamente quando me esqueço de você completamente;
    Eu mudo complexamente quando não me entendo junto à mente.

    Eu morro tristemente quando “o grito-mudo” toma à frente;
    Eu mudo fatalmente assim como muita gente faz-se loucamente;
    Eu morro alegremente quando assim escrevo “soltamente”;
    Eu mudo subitamente mesmo quando escrevo vagarosamente.

    Eu morro, eu mudo, renasço e me refaço;
    Eu esqueço, eu releio e às vezes volto ao que faço;
    Da luta faço a morte do que me mata;
    Vivo para mudar e morro para voltar.

    Rodrigo Andrade Oliveira

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