Eu tô aqui de novo, catando cada pedacinho de estrela e colando de volta em mim.
Ás vezes, fica difícil confiar, fica difícil saber que o sol vai voltar a ter aquele brilho intenso que te faz perder o fôlego, tamanha beleza.
Será mesmo que perdi o senso?!
Parece que o peso do mundo nas minhas costas está apoiado apenas em um palito de fósforo, e que a qualquer momento ele pode quebrar, e aí tudo desaba. Essa sensação tem sido tão constante, que a dividi com uma Loba que cruzou meu caminho esses dias. E contando detalhadamente esse fato, ela ouviu com toda atenção e carinho que lhe cabia naquele momento, em que minhas palavras saiam molhadas e com gosto de sal, e então, assim como quem puxa uma linha há muito embaraçada, esticando-a sem o menor problema, a Loba olhou em meus olhos e disse:
- Risque o fósforo, minha querida, o que mais pode acontecer além da loucura?
E eu tô aqui, pensando por que não riscar? Procurando onde é que eu guardei aquela coragem de recolher a âncora... Em que momento eu esqueci como ajustar as velas?
Eu reviro meus baús, onde é que foi que guardei?! Procuro em cada caixinha vazia, das maiores as menores que eu tenho em casa.
De repente, abri uma gaveta e estava repleta de Girassóis amassados, murchos, como eu pude esquecê-los aqui? Mas debaixo deles, achei um papelzinho dobrado em 8 partes. Desdobrei, e estava escrito: "acredite, porque tudo tem uma verdade de ser". Mas ainda não fazia sentido, nada disso estava fazendo sentido.
Continuo procurando...
Afinal, quem escolheu a busca, não recusa a travessia!
(Bárbara Mardakis)
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