Há muito tempo atrás, numa terra distante, ela ouviu uma certa sábia anciã pronunciar versos de um mago das palavras, e desde então, essas palavras, vez ou outra, ecoam nos pensamentos dela:
"Ora (direis) ouvir estrelas!
Perdeste o senso! E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite..."
Palavras sábias, quase uma oração.
Ouvir estrelas, ouvir as estrelas que temos dentro de nós. Estrelas que brilham e pulsam, que necessitam sair e compartilhar sua luz infinita.
Os seres que habitam esse planeta se esqueceram o que os trouxe aqui, ouvir as estrelas interiores deixou de importar. O sentido perdeu o valor, e precisa ser resgatado.
Roubam a luz do outro, acabam com o brilho alheio, quando o mais óbvio seria encontrar dentro de si sua luz própria.
Criaturas interessantes, dando valor a um brilho, na maioria das vezes dourado, vindo de um metal ou outro, quando o resplendor mais poderoso está dentro de cada um.
Como alertá-los é o que mais a deixa inquieta. Como avisá-los que o caminho certo é na direção oposta?
O mago das palavras, uma espécie de oráculo que ela encontrou nessa jornada, lhe dá sempre a mesma resposta: "Amai para entendê-las". Mas como ensinar as criaturas algo que só pode ser sentido?
E hoje, será mais uma noite de longas conversar, entre ela e as estrelas....
(Bárbara Mardakis)
OBS: os trechos entre aspas foram tirados do Soneto de Olavo Bilac
Nenhum comentário:
Postar um comentário